A autoestima é a maneira como cada um se valoriza e como vê a sua aparência, habilidades e conduta. Ela pode nos ajudar a fazer escolhas mais assertivas, seja no trabalho ou na vida pessoal, e contribui para termos relacionamentos mais saudáveis (com nós mesmos e com os outros).

A construção da autoestima está, em parte, relacionada ao ambiente no qual vivemos, como explica a psicóloga especialista em experiência somática Cássia Quinlan, que atende por vídeo-chamada no Zenklub. “Parte dos elementos que constituem nossa identidade, autoimagem e, por consequência, autoestima e autoconfiança, são os exemplos e modelos que temos, sejam eles familiares, amigos, professores ou figuras midiáticas”, diz.

Representatividade é importante aliada na construção da autoestima

Ter, na sociedade, elementos a partir dos quais cada indivíduo seja capaz de se reconhecer é fundamental para a construção da autoestima das pessoas LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e Queers), assim como já acontece com as pessoas heterossexuais cisgênero. 

“Existe uma dificuldade quase que intrínseca na questão da autoestima da comunidade LGBTQ pelo espaço que lhe é dado na sociedade. Embora os pré-conceitos em relação à comunidade estejam mudando, ainda não há uma total aceitação. E é mais a rejeição ou o questionamento envolvidos em torno da temática da comunidade que afeta a construção da autoestima. Exemplo comum disso são os casos em que homossexuais são questionados sobre a experiência de relações heterossexuais para a “definição” de sua orientação ou a recusa em usar o nome social escolhido por pessoas trans”, diz Cássia.

autoestima lgbtq

Dar mais espaço para a comunidade LGBTQ garantindo a igualdade de direitos na sociedade é também uma maneira de assegurar que essas pessoas tenham ferramentas, tanto quanto as demais, para a construção da autoestima, tão importante para o desenvolvimento do indivíduo.

Terapia é para quem quer se desenvolver

“O aumento de representatividade da comunidade LGBTQ em todas as mídias e inclusive na formação de famílias em diferentes configurações das mais tradicionais ajuda os integrantes desta comunidade a terem modelos que estão mais próximos de sua realidade, o que também ajuda na sensação de pertencimento da sociedade, em vez de sentirem-se um grupo marginalizado”, afirma a psicóloga.

Ela explica que ter pessoas LGBTQ atuando em posições de destaque, seja nas empresas, na indústria do entretenimento ou na mídia é essencial para o fortalecimento desses indivíduos. “Da mesma forma que figuras femininas na mídia, política, etc., foram importantes para o fortalecimento e empoderamento de diversas mulheres, o aumento das ocorrências em que pessoas da comunidade LGBTQ são figuras de destaque e exemplos de sucesso profissional (e pessoal) favorece a crença na própria capacidade dos demais integrantes”, diz.

O que a falta de autoestima pode causar

Uma pesquisa da ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil) apresentada no Congresso Europeu de Terapia Cognitivo-Comportamental em 2012 mostra que entre os efeitos da baixa autoestima (físicos e psicológicos) estão dores musculares ou de cabeça, problemas gastrointestinais, angústia, ansiedade, depressão e conflitos interpessoais.

Mudar a maneira como vemos o outro e entender que a igualdade de direitos é importante para a construção de uma sociedade que garanta espaço para todas as pessoas inclui a quebra de crenças limitantes e de construções sociais.