Cuidar é interagir, é ter atitudes positivas com o outro que incluem envolvimento e amor. Mas é preciso saber de que maneira interagir e como agir para fazer o melhor para quem está sendo cuidado. Somente a partir da compreensão do ato de cuidar que o cuidador desempenhará suas funções da melhor forma.

Mas não é só isso. O autocuidado também se faz necessário, pois para cuidar do outro é preciso estar bem consigo mesmo. É muito comum o cuidador se dedicar 24 horas ao outro e esquecer-se de si mesmo. Muitas vezes a entrega vai além dos limites físicos e emocionais e o cuidador adoece também – e isso requer atenção.

O cuidador precisa fazer algumas perguntas a si mesmo: como envolver-se se não estou bem nem comigo mesmo(a)? Como dar amor se estou tão preocupado(a) em acertar? Não é fácil, mas com acompanhamento psicológico o caminho se torna mais leve. Muitas vezes o sentimento de isolamento, de solidão, de não pertencimento se tornam presentes e a angústia só aumentam. Busque ajuda, pois é com equilíbrio que conseguimos nos doar, cuidar e amar com plenitude.

Eis o relato de uma paciente com a qual trabalhei por seis meses: “Me considero nova de espírito e com motivação para viver momentos novos. Acreditei que após nossa aposentadoria, viajaríamos, passearíamos, conheceríamos pessoas novas. Mas, quando somos acometidos pela doença do século, a nossa vida se transforma num piscar de olhos. Ela se chama Demência Vascular Cerebral mista. E não fui eu a vítima, foi meu marido, com que convivo há 42 anos”.

As expectativas, os sonhos, a identidade dela enquanto esposa e mulher foram temas trabalhados em sessão. Ela se fortaleceu em seus valores, aceitou seus sentimentos simplesmente como são e se comprometeu com a vida que escolheu.