Muitos homens têm dificuldade de falar sobre sentimentos ou revelar intimidades e sensações. Uma pesquisa feita pela ONU Mulheres em parceria com o portal Papo de Homem sobre a masculinidade revelou que 56.5% dos homens gostariam de ter uma relação mais próxima com amigos, expressando mais afeto e falando sobre sentimentos e dúvidas.

O mesmo acontece com eles em relação à paternidade. Apesar de o cenário dar sinais de mudanças, com pais querendo ser mais participativos não somente nas questões financeiras mas também no desenvolvimento emocional dos filhos, pouco se fala sobre o que eles sentem nos primeiros meses após o nascimento da criança.

“Junto com um novo bebê, nasce também uma nova mãe. E com isso, sentimentos de ansiedade podem aflorar. A construção do vínculo com o bebê não é automática e imediata, pelo contrário, é gradativa e deve ser estabelecida, preferencialmente, desde a gestação, no ambiente intrauterino. Trata-se de um processo de comunicação tão complexo quanto sutil e que torna possível essa troca íntima e profunda” diz a psicóloga e especialista em neuropsicologia Raissa Tebet, que atende pelo Zenklub, em artigo sobre o vínculo com o bebê.

Rosângela Corrêa, psicóloga que atende pelo Zenklub, acredita que o mesmo acontece com os pais. “A notícia do nascimento do primeiro filho pode gerar no homem um sentimento de solidão e desamparo com relação às suas angústias e ansiedades sobre o futuro que está por vir. Todas as atenções estão voltadas para a mulher neste momento, e o homem algumas vezes pode sentir-se só, sem ninguém para compartilhar suas aflições”, escreve ela em artigo sobre paternidade.

Preconceito impede os homens de falar sobre sentimentos

Mais do que as mulheres, os homens relutam em se abrir sobre os sentimentos e, principalmente, em procurar ajuda para conversar com um profissional sobre o assunto. Uma das principais barreiras para a busca de ajuda profissional ainda é o estigma que recai sobre o atendimento psicológico.

“Culturalmente, estamos acostumados a tratar (seja com medicação ou outro método) aquilo que nos incomoda: quando temos dor de cabeça, tomamos o remédio para que essa dor alivie; a partir do momento que não sentir mais dor, não faz sentido tomar mais remédios. No entanto, um tratamento de saúde mental é diferente: os sintomas costumam reduzir de forma considerável nos primeiros meses, mas é necessário seguir por muito mais tempo o tratamento para que nosso cérebro ‘aprenda’ a funcionar do jeito certo”, diz a especialista em neuropsicologia Sandra Mara Comper, que atende pacientes com transtornos de humor, é membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia e integra o time de profissionais do Zenklub.