De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2018 as mulheres recebiam 79,5% do total do salário médio de homens, mesmo com uma carga horária semanal apenas 4,8 horas menor — sem levar em conta a jornada dupla, devido aos afazeres domésticos. 

A diferença de salário entre gêneros não é vista apenas no Brasil. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a brecha salarial de gênero no mundo é de 16%, o que significa que as mulheres ganham ao redor de 84% do que ganham os homens. Essa diferença pode ser ainda maior no caso das mulheres negras. 

Quais justificativas são utilizadas para a diferença salarial entre gêneros e raça?

Estereótipos

No ambiente de trabalho, os estereótipos prejudicam as mulheres a ponto de reduzir o número de trabalhadoras em carreiras predominantemente masculinas ou em posições de liderança.

Um estudo liderado pela pesquisadora Corinne Moss-Racusin, solicitou que faculdades de ciência avaliassem currículos de vários estudantes, cuja única diferença era o gênero deles. 

Apesar disso, os homens foram classificados como “significativamente mais competentes”, além de receberem ofertas maiores de salários. 

Leia mais: Representatividade feminina – a mulher e o mercado de trabalho

A maternidade

A licença-maternidade é mais uma justificativa utilizada para explicar a causa das diferenças salariais entre homens e mulheres. 

Isso porque, para algumas empresas, o tempo de afastamento do trabalho (120 dias para trabalhadoras formais e 180 para trabalhadoras de empresas afiliadas ao programa Empresa Cidadã) é considerado “prejudicial”. 

Força braçal 

Outro ponto citado é a diferença na força física entre os homens e mulheres. Durante longas épocas da história, a maior parte do trabalho era distribuída na agricultura, mineração, navegação e metalurgia. Ou seja, profissões que exigiam força braçal.

Com isso, elas foram naturalmente ocupadas por homens, trazendo reflexos até hoje para o mercado de trabalho. As áreas de construção, por exemplo, ainda são as que contam com o maior número de homens. 

Dupla jornada

Segundo dados do departamento de economia da George Mason University, os homens tendem a se atualizar mais do que as mulheres, já que elas são mais propícias a interromperem suas carreiras por conta da dupla jornada que enfrentam, conciliando maternidade e trabalho remunerado.  

Apesar de trabalharem, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana devido à dupla jornada, os homens “saem na frente” por conseguirem se dedicar mais à carreira. 

Preconceito racial

De acordo com o estudo “Os efeitos de gênero, viés implícito e estereótipo nas vidas de mulheres e meninas”, dos pesquisadores Rachel Godsil, Linda Tropp, Phillip Goff, John Powell e Jessica MacFarlane, de diversas universidades americanas, os grupos duplamente estigmatizados, como é o caso das mulheres negras, sofrem ainda mais as consequências dos estereótipos. 

Questão histórica

Até o século XIX, trabalhadores escravos negros tiveram um papel importante na economia brasileira. Apesar disso, o momento pós-abolição os deixou desprovidos de terra, do acesso à educação e, consequentemente, da qualificação profissional. 

A inserção das mulheres no mercado de trabalho só ocorreu a partir do final do século XIX e com aumento de maneira expressiva no século XX. Essa raiz histórica ainda é presente nos dias atuais, onde preconceito e racismo ainda reverberam. 

Conheça a legislação brasileira que fala sobre igualdade salarial

O artigo 461 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) afirma que “Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade”. 

Com isso, a lei brasileira define que homens e mulheres que desempenham os mesmos trabalhos e, consequentemente, geram o mesmo valor, não podem receber salários diferentes.

Em 2021, o plenário do Senado aprovou o projeto PLC 130/2011, apresentado pelo ex-deputado federal Marçal Filho, que determina o pagamento de multa pelo empregador que remunerar de forma desigual homens e mulheres exercendo a mesma função. 

No entanto, o Presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, solicitou o retorno do projeto à câmara dos deputados, onde até hoje continua. 

Políticas demonstraram preocupação com a devolução do projeto, especialmente com o pedido tendo partido do Legislativo, esperando que o projeto, apresentado em 2009 e enviado ao Senado em 2011, não fique parado por mais uma década.

Por que realizar a equiparação salarial nas empresas?

A equiparação salarial protege e evita a discriminação entre os trabalhadores que exercem as mesmas atividades, fazendo com que todos tenham os mesmos direitos. Ao adotá-la na empresa, cria-se um ambiente mais justo e saudável e causa maior motivação no trabalho. 

Conclusão


Empresas e pessoas juntos por uma cultura organizacional mais saudável. Conte com o IBC (Índice de Bem-Estar Corporativo) do Zenklub que oferece ferramentas para crescimento sustentável da sua empresa e outras ferramentas exclusivas para o bem-estar emocional dos seus colaboradores. Entre em contato, estamos te esperando.

Referências

https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/trabalho-e-formacao/2021/05/4926384-desigualdade-salarial-entre-generos-ainda-e-um-problema-no-brasil.html
https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/diferenca-salarial-entre-homens-e-mulheres
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2020-03/apos-7-anos-em-queda-diferenca-salarial-de-homens-e-mulheres
https://exame.com/colunistas/impacto-social/licenca-maternidade-justifica-salarios-menores-das-mulheres
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/04/26/projeto-que-estabelece-multa-por-desigualdade-salarial-entre-homens-e-mulheres-volta-a-camara
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-03/mulheres-trabalham-75-horas-mais-que-homens-devido-dupla-jornada
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-03/estudo-revela-tamanho-da-desigualdade-de-genero-no-mercado-de-trabalho
https://www.geledes.org.br/desigualdade-como-legado-da-escravidao-brasil/