É senso comum que crianças excessivamente mimadas tendem a enfrentar grandes dificuldades desde a infância. Isso porque os mimos, o excesso de atenção e a exagerada presteza dos adultos impedem a criança de aprender e de cair e levantar por conta própria.

O excesso de mimos na infância tende a gerar adultos com maior predisposição a problemas de enfrentamento da realidade, menor capacidade de adaptação ao meio, menor tolerância no trato interpessoal, menores chances de realização profissional, pessoal etc. Ou seja, ainda que cheios de boas intenções, os pais podem desfavorecer o desenvolvimento dos filhos na ânsia de muito quererem ajudar. Aqui vale o velho ditado de que é melhor não dar o peixe mas, sim, ensinar a pescar.

E as coisas acontecem no detalhe: é na crença de que atrasar o horário da mamada produzirá sérios danos ao bebê, é na pena de retirar a chupeta, na impaciência de esperar a criança desembrulhar a bala sozinha, em não deixá-la derrubar um pouco de sopa na roupa, em comprar a briga do filho na escola, em querer decidir pela criança com quem é mais conveniente fazer amizade ou namorar, qual profissão seguir etc.

Atitudes superprotetoras são aquelas que impedem a criança de conhecer suas reais habilidades – e por que não dizer, suas inabilidades também – e que a desviam do processo de autoconhecimento, tão necessário para a conquista da autonomia. Muito pelo contrário, encaminham a criança para o mundo da dependência, que gera insegurança e, por conseguinte, baixa autoestima. 

A clínica psicológica demonstra diariamente a dificuldade que as pessoas têm de se assumirem autônomas na vida e o quanto isto diz respeito diretamente à forma como foram criadas, com que imagem ao próprio respeito crescem, quais chances se atribuem, como lidam com os sucessos e fracassos. Disto não se depreende que o futuro dos filhos dependa exclusivamente da atuação dos pais, mas que a forma como os criam é um fator importante e que estará interferindo no amanhã das crianças.

É bom prestarmos atenção porque quando a criança (não) cresce rodeada de mimos, pode ser um sinal de que a família precisa de ajuda para permitir que as crianças entrem em contato com perdas e frustrações e cresçam mais preparadas para a vida.