Existe uma série de crenças limitantes que impedem algumas mulheres de vivenciar momentos de liberdade com plenitude. A cobrança por uma estética padronizada tem um efeito muito negativo na autoestima e pode ser geradora de transtornos alimentares e psicológicos.

O site F-utilidades, idealizado pelas designers Joana Cannabrava e Carla Paredes tem ajudado muitas mulheres a melhorar a autoestima e a rever a autoimagem com posts, eventos e ajuda entre elas.

Autoestima corresponde à imagem e à opinião que o indivíduo tem de si mesmo, que é construída com base nas suas experiências pessoais, sua autoimagem e a imagem que os outros têm dele. É construída por meio das experiências passadas, influencia os comportamentos atuais e determina como serão aqueles futuros.

Confira a entrevista completa que fizemos com as criadoras do F-utilidades:

Como surgiu a ideia do F-utilidades?

Queríamos trabalhar com marketing de moda e era uma forma de colocarmos um portfólio online do nosso conteúdo em 2010. No meio do caminho amamos trabalhar com isso e fomos descobrindo uma paixão por falar sobre comportamento feminino com outras mulheres.

Qual a queixa mais recorrente das mulheres que acompanham o site?

Infelizmente muita gente associa autoestima apenas a autoimagem, então a queixa mais comum acaba sendo a coisa da autoimagem, da pressão da sociedade para que as mulheres sejam muito magras, muito maquiadas, muito perfeitas o tempo todo. Acaba girando em torno da autoimagem que é apenas um dos muitos aspectos da autoestima. A gente acredita que mudar apenas sua autoimagem e a forma como você se enxerga por fora é muito superficial. Hoje esperamos que cada uma a sua maneira consiga mergulhar pra dentro com profundidade, buscando autoconhecimento. Ao se conhecer e tirar as máscaras que vamos nos obrigando a colocar durante a vida gostar do que vê no espelho vira consequência, não causa. No entanto falamos disso usando nossas próprias experiências, sem vender uma fórmula perfeita. Cada uma deve buscar o caminho que ressoa pra si, para encontrar o seu próprio processo de autoconhecimento.

Foto: F-utilidades

Quando vocês pensaram em organizar o Papo na Piscina, vocês imaginaram o alcance desse evento?

Nós imaginávamos que seria muito legal para as participantes presentes se sentirem livres com seus corpos. Imaginávamos a eficácia do evento, mas não o alcance e o sucesso que ele fez mesmo com quem não estava lá. Acreditávamos que seria uma experiência muito nova e gostosa para as leitoras participantes, jamais pensamos que ela seria tão contagiante para os expectadores das redes sociais. Nem mesmo planejamos o alcance que teria nos veículos de revista e televisão.

Terapia é para quem quer se desenvolver

A que vocês atribuem o sucesso dessa ação?

A causa do nosso projeto e a forma que o posicionamos o tempo todo. Não se trata de uma ideia de autoaceitação pura e simplesmente, muito menos uma apologia a obesidade ou a preguiça. O Papo sobre autoestima fala de poder mudar sim, se sentir melhor com mudanças caso a pessoa as deseje, mas sempre olhando um olhar amoroso sobre si mesma, acolhedor.

Para nós a mulher magra e a mulher gorda não devem ser vistas como diferentes, cada mulher deve ser vista como é, o que importa é questionar essa pressão fazem para que sejamos tão perfeitas o tempo todo. Essa pressão atormenta e faz com que todas as mulheres, de todos os pesos, se sintam inadequadas e estejam sempre insatisfeitas, tentando sempre uma dieta ou um procedimento mais maluco para ser algo que elas não são.

Então a gente atribui o sucesso ao projeto ser para todas as mulheres, de todos os corpos, cores e cabelos discutirem a autoestima, no que tange o corpo físico, a beleza, mas também o comportamento, os relacionamentos e os traços da personalidade, que muitas vezes são os mais danosos, que fazem com que sejamos tão rígidas conosco. E acho que o mais legal de tudo isso é que o grupo que temos não é focado em fórmulas de sucesso ou aconselhamento, é focado em cada uma dividir sua própria experiência quando tem vontade, mas sempre acolher a dor de alguém que chega para abrir o coração.

Vocês acreditam que o conteúdo produzido pelo site desperta mais consciência nas mulheres sobre quem elas são de verdade?

Sim, acreditamos. Nos últimos dois anos temos visto um feedback enorme de mulheres solteiras e mães que contam que ao acompanhar as experiências minhas e da Carla conseguem repensar como estão encarando suas vidas, seja a de mulher solteira aos 30 ou de uma mãe que fala de maneira não romantizada sobre a experiência da maternidade. Acreditamos de verdade que muitas fichas que caem pra gente provocam uma vontade de se conhecer nas nossas leitoras. Lemos muitas mensagens que nos fazem crer que elas procuram ajuda, profissionais, livros e conteúdos que fazem com que as suas fichas comecem a cair também, vemos que elas começam um processo próprio de se enxergar de outra maneira inspiradas pelas nossas experiências que compartilhamos.