A chegada dos filhos na adolescência costuma ser um período de turbulência nas famílias. Os pais se mostram apreensivos, por vezes perdidos frente às novas demandas, os conflitos tendem a aumentar e o mal-estar toma conta do ambiente.

Muitas são as dúvidas com relação à forma de agir com os filhos adolescentes. Tudo neles é tão cheio de contradições! Às vezes, estão entusiasmados e animados e bruscamente tornam-se apáticos e desanimados. Em certos momentos, são individualistas e orgulhosos de si, ou, ao contrário, não se curtem, sentem-se insignificantes e inseguros.

Com freqüência, desprezam e ridicularizam os pais, enquanto sentem orgulho e admiração em segredo. Isso sem falar, nas explosões repentinas, cara de reprovação, falta de diálogo e silêncios prolongados.Ufa! É preciso muita calma nessa hora.

Afinal, o que é adolescência?

A adolescência é um período delicado, instável, conturbado, que vai do fim da infância ao começo da maturidade. Para J.-D. Nasio, psicanalista e psiquiatra, “um adolescente é um menino ou menina que cessa gradativamente de ser uma criança e ruma com dificuldade para o adulto que virá a ser”.

Geralmente, o início da adolescência corresponde à puberdade, processo orgânico que envolve alterações físicas e hormonais de maturação do corpo. O corpo do adolescente entra em intensa atividade e sofre várias mudanças num ritmo alucinante, tornando-se maduro, sexuado, capaz de gerar filhos. Costuma-se dizer que a puberdade é a maturação do corpo e a adolescência é a do ser.

Por aí, já conseguimos imaginar um universo, repleto de mudanças e novidades, surgindo para o adolescente. Acordar com espinhas, ver a própria voz falhar em público, começar a ter barba ou menstruar e desenvolver os seios, são experiências novas que requerem um tempo de adaptação. Além de outras questões, relacionadas ao amadurecimento emocional, como a necessidade de ser a aceito pelo grupo, a validação da auto-imagem pelos amigos, o idealismo acentuado, a intolerância às diferenças e etc.

Dentro desse contexto, o adolescente rompe com o passado, mais precisamente a infância e os pais, e começa a trilhar novos caminhos. Muitas vezes, inseguro e temeroso, pois nem sempre é fácil abandonar o conforto do lar, voltar-se para os amigos, como forma de assegurar o desenvolvimento da própria individualidade.

O adolescente tem pressa de amadurecer. Muita pressa! Inclusive, o que irá caracterizá-lo é sua recusa em ainda ser criança. Ele não quer se sentir e muito menos se mostrar criança. Isso, certamente, seria um sinal de fraqueza. Assim, esforça-se para ser o que ainda não é, como se magicamente pudesse ser convertido de menino(a) em adulto. Quer um exemplo? Ele treina assinatura, treina beijos e expressões faciais no espelho, fala sozinho, dança sozinho, enfim, treina à exaustão.

Qual o papel dos pais na adolescência de seus filhos?

Permanecer presentes, vigilantes, entretanto, com certa discrição, aceitando a distância que o adolescente estabelece nesse período. Respeitar os silêncios, sem lhe pedir sempre para falar, contar sua vida, porque ele está tentando construir sua vida e suas idéias próprias. Leia também “Como lidar com seu filho adolescente”. Ah! E tem mais. Resistir às infinitas contestações e oposições do filho, sem se sentir constantemente atacado. Tarefa difícil, não é mesmo? Porém, fundamental. Pois o adolescente está procurando se distinguir por diferentes meios: crises de rebeldia, invenção de um novo linguajar, roupas extravagantes, etc.

Para Marcel Rufo, grande psiquiatra infantil, os pais precisam aceitar a ideia que os filhos não lhe pertencem. “Estes são apenas suportes, rampas de lançamento para ajudá-los a alçar voo, afirma. E reforça: “a oposição, a contestação, a provocação, a rebelião não são provas de desamor, mas sinais de evolução e de maturação. Quando não os escutamos ou procuramos fazê-los calar, o drama começa. ”

Portanto, amar um filho é ajudá-lo a se separar de nós, para que possa tornar-se ele mesmo, capaz de realizar os mais lindos vôos. Há expectativa melhor que possam desejar os pais?

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